quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A complicação da educação


Brasil: país rico é país sem pobreza. Tem algo mais lógico que isso? Essa afirmação não diz que o Brasil é rico. Para mim, reflete mais uma meta de estagnar a pobreza existente aqui. Porém, se realmente esta frase representa uma meta a ser alcançada, a frase ficaria melhor escrita assim: País educado é pais sem pobreza. 


A pobreza é algo impossível de deixar de existir, a não ser que seja implantada uma nova ordem social, o que é bem mais difícil de acontecer enquanto eu viver. A vida indigna de milhões de brasileiros poderia ser atenuada ou até totalmente modificada se houvessem mudanças mais significativas no sistema de educação de todas as escolas públicas. 

Um fato simples de ser compreendido: o Brasil só será um país desenvolvido se houver agora um grande investimento em educação. 

Vez por outra se fala em investimentos em educação e sempre se comenta que os investimentos deveriam ser maiores para se obter melhores resultados, então por que isso ainda não foi feito?

Existem tantas coisas que não são ditas, não são de conhecimento popular e talvez se houvessem milhões de cabeças pensantes em nosso país muitas coisas poderia ser diferentes. Será esse o temor em se investir bastante em educação? Será que as pessoas se revoltariam de verdade e em maior número frente aos grandes escândalos que surgem vez por outra na mídia? E todos os outros atos corruptos que acontecem e não são publicados? Será que os que são publicados tem outros propósitos além de exibir a verdade? São muitas as questões, os problemas os erros, as impunidades, a ignorância e as cumplicidades. Se todos tivessem uma educação de qualidade desde os seus três anos de idade, certamente parariam mais para pensar em coisas realmente importantes; coisas além das vidas íntimas de famosos ou das letras ridículas de certos artistas ruins. 

Agora eis alguns fatos contraditórios e outros explicativos. 

Sempre se apresentam avanços nos diversos índices educacionais, como taxas de analfabetismos, abandono escolar e IDEB. Vejo tais resultados como sendo apenas números em um mar de pessoas que não sabem nem ler corretamente quando estão no terceiro ano do ensino médio. Como isso é possível? É muito difícil um estudante de escola pública ser reprovado, a não ser que ele queira isso; só falta ele fazer uma solicitação direta. Mesmo o aluno tendo mais de 50% de falta ainda existe oportunidades de aprovação, basta ele fazer algumas atividades, fazer todas as provas e pronto, ele tem o direito de ser aprovado. Mesmo um aluno ruim, desrespeitador e que só obtém péssimos resultados tem grandes chances de ir para a série seguinte, basta ele fazer uma prova super fácil de recuperação, às vezes até pesquisada. Se mesmo assim esse aluno não passar em algumas disciplinas ele ainda tem a chance de ser aprovado, realizando outra avaliação e/ou sendo aprovado pelo conselho de classe, no qual as disciplinas que tem realmente peso são Português e Matemática. Mas por que tantas chances? Por que facilitar tanto para alguém que não valoriza o aprendizado? O professor é que é preguiçoso e não quer dar uma boa aula e aplicar provas com um nível mais condizente com uma determinada série? 


Imagine uma sala de aula em uma escola pública com 50 alunos. Alguns são delinquentes mesmo: traficantes, assaltantes, viciados e até assassinos dentre outras coisas. Deste total de alunos dez, ou menos que isso, tem  nível intelectual compatível com a série em que estão cursando. Se as provas aplicadas em todo o decorrer do ano tivessem o nível real daquele determinado ano regular, o nível de reprovação seria algo em torno de 90%. Se todos esses alunos fossem realmente reprovados eles teriam que ficar na mesma série por mais um ano; somado a isso teriam os alunos aprovados da série anterior e os alunos novatos, gerando um acúmulo de alunos. Quantos anos seriam necessários para que esses alunos tivessem a capacidade de conquistarem a aprovação? Talvez dois ou três. Durante este tempo, onde ficariam tantos alunos. Repare que um aluno que conclui o terceiro ano do ensino médio é um aluno a menos para se ter despesas, ou seja, quanto mais rápido um aluno passa de uma série para outra, melhor é para o Estado. Se um professor que leciona uma determinada disciplina reprova pelo menos 35% de uma turma ele é convocado para dar explicações para este problema. Atente! O professor teria como explicar isso? Não seriam os alunos, juntamente com seus pais, que deveriam expor explicações lógicas para isso? Se um professor reprovar mais de 50% de uma turma, acho que ele é chamado até pela secretaria de educação para dar explicações sobre o que ele está fazendo para que tantos alunos sejam reprovados. Eu simplesmente diria: dei a minha aula da melhor forma possível, fiz uma avaliação totalmente de acordo com o que foi exposto nestas aulas, se eles não conseguiram um bom desempenho nas avaliações, é por não estudaram o suficiente, ou nem estudaram. 

É comum um aluno de escola pública chegar para o professor e dizer: e hoje é prova? o senhor nem avisou? Eles simplesmente não se importam. Eles não estudam e sabem que serão aprovados. Não temem se um determinado professor fará uma prova difícil, pois sabem que serão aprovados. Como um aluno assim terá algum dia capacidade de se tornar um universitário? Tem sim, o governo facilitou ainda mais, agora tem cota para os alunos que fizeram todo o ensino médio em escolas públicas e a presidente ainda diz que os níveis de ensino e dos alunos nas universidades não vão baixar. Será que dessa forma o Brasil vai mesmo conseguir deixar de ser um país importador de tecnologia para produzir a sua própria? 

Tudo está ficando tão fácil, para que se esforçar tanto ou se preocupar? 

Quer ter escolas públicas de qualidade com alunos de qualidade? Faça várias avaliações cujos resultados apontem em qual série os alunos devem realmente estar. Coloque-os nessas séries e os ensinem tudo que seja necessário para a série seguinte, só o aprovem se realmente ele tiver capacidade e deixem-no aí até que todas as suas deficiências sejam sanadas. Outra forma mais rápida é reconhecer os erros e começar as melhorias para os novos alunos que estão ingressando na rede pública de ensino, aqueles lá da creche e que um dia chegarão à primeira série do ensino fundamental. Em um processo bem lento, gradual, mas eficiente, um dia, se teria uma escola de qualidade. 

Não me venha com esses números, eu os vejo todos os dias. Eles estão aqui bem perto de mim agora. Podem também ser vistos no noticiário ou nas diversas instituições penitenciárias. Eles podem te fazer muito mal, mas também podem te ajudar a ganhar muito poder e dinheiro durante até várias gerações. Eles podem servir até para que outros países mantenham seus interesses e riquezas por séculos.

País rico é país sem pobreza. 







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