Em um lugar tão quadrado, cheio de entradas e saídas e de pessoas que se acham capazes de decidir o que é certo ou errado. Lá onde pessoas bem simples e cheias de problemas se cruzam com outras que estão com seu sapatos sempre limpos e até com menos rugas que mereciam ter. Foi lá que vi um sorriso gentil e sempre preocupado em agradar seja quem fosse que o cruzasse. Com aparência de alguém que não precisava se importar, ela se importava com tudo ao seu redor.
Só ao vê-la percebi que se tratava de alguém diferente e me deu até inveja de conseguir ser como ela, com toda aquela luz, serenidade e preocupação em ser agradável. É tão bom ver alguém assim. Eu fiquei parado olhando para ela e maravilhado com sua beleza. Pensei: como seria tão agradável todos os dias cruzar com pessoas assim em todos os lugares, mas parece que todas as pessoas adoram se esforçar para serem desagradáveis, insensíveis e bem distantes umas das outras. Me faz lembrar também de um trecho de um espetáculo teatral que trata do fato todos nós, diariamente, passamos por centenas de pessoas desconhecidas e nem ao menos olhamos para elas. Se passarmos por um mendigo na rua e ele estiver morto no chão, simplesmente continuamos nosso trajeto, sem olhá-lo ou imaginando que ele estava alí só descansando ou até dormindo. Não nos importamos muito com muitos que estão ao nosso redor, mas nos preocupamos muito em querer ser percebidos, notados, ouvidos e respeitados.
"...e mais de cem pessoas vão saindo do trem"
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