terça-feira, 22 de julho de 2014

Lembranças

Geralmente a vida é tão difícil que às vezes dá vontade de não mais estar nela, de interromper tudo aquilo que parece não fazer sentido. Para que viver tudo isso? Para que sofrer tanto? Eu acredito que é sim possível todos viverem bem e sem grandes dificuldades e que tudo de ruim que nos rodeia é resultado do modo de vida que todos os seres humanos escolheram. Não adianta eu sozinho fazer diferente, todos tem que fazer para que o mundo seja melhor de ser vivido. Viver era para ser muito prazeroso; a vida era para ser cheia de alegrias e todos eram para amar tudo e todos, pois tudo é tão bonito e feito para que nós desfrutemos. Entretanto, nada disso é aproveitado, as pessoas não são nem amigas umas das outras, quanto mais irmãs. 
Amar a Deus não é ficar ajoelhado em um templo e pagar o dízimo regularmente e sim amar uns aos outros, respeitar todos os seres vivos e e aproveitar bem este mundo lindo em que vivemos. Só sei que nada sei e que bilhões de pessoas sabem menos ainda a respeito do sentido da vida. Se pararmos para pensar em tudo que já vivemos, no nosso dia-a-dia atual e no nosso futuro, iremos chegar à conclusão que nada disso faz sentido e que não vale a pena viver; não vale a pena passar por sofrimentos se um dia não conseguiremos aquilo que almejamos, o conforto que merecemos e a felicidade de ter uma vida digna, sem tantas privações. Eu olho para um mendigo, para uma uma pessoa bem pobre e para pessoas que tem uma grave doença e penso: por que? para que esta pessoa ainda vive? qual o sentido disso? se é possível todos vivermos bem, por que esta pessoa está nessas condições? Nunca vou entender isso? 
Quando adolescente, eu imaginava tanta coisa para minha vida. Eu cheguei a criar uma história que eu ficava desenvolvendo quando ia dormir. Tantas coisas ruins me aconteciam e eu continuava seguindo em frente quase como se tivesse dois muros do meu lado esquerdo e direito para me impedir de ficar observando aquilo que me acontecia naquele momento. Mas meu muro não era resistente o suficiente e eu me perdi em muito sofrimento. Não consegui ir muito longe naquilo que eu almejava. Mas também não esperava que eu conseguiria aquilo que conquistei. Tenho muito o que agradecer e muito o que viver ainda. Muitas vezes esqueço da idade que tenho e é melhor assim para eu não desanimar e realizar ainda mais conquistas. Quando eu tinha 21 anos eu me imaginava como o Gerold, um personagem de um seriado que era capaz de se o que ele quisesse; ele podia ser um médico, um piloto de fórmula um, um jogador de futebol ou um grande executivo, em fim, o que ele quisesse ser ele conseguia grande sucesso e eu me imaginava assim. Até tinha esquecido disso. Será que ainda posso? Tem tanta coisa ainda que eu quero fazer. Será que terei tempo? Hoje alguém que tinha muito o que fazer perdeu a vida e não vai poder fazer mais nada. Não vai mais poder fazer a diferença na vida de mais ninguém. 
Estou aqui escrevendo e sentindo algo que nem sei por que. O falecimento desse alguém me fez pensar em tudo isso que escrevi. Não era alguém próximo, mas foi alguém a quem já cedi a minha casa e minha cama para acolhê-la. Era amiga de amigos. Lembrei agora de algo  que me fazia sentir nobre e ao mesmo tempo egoísta. Quando eu via alguém sofrendo ou alguém que tinha uma vida muito difícil eu pensava: se Deus falasse agora comigo e pedisse a minha vida para que esta pessoa fosse muito feliz e pudesse aproveitar tudo de bom que este mundo tem a oferecer eu diria a ele que podia fazer o que quisesse comigo, pois ninguém deveria sofrer assim e eu me sentiria muito feliz por não ter que estar mais nesse mundo e ainda poder fazer alguém feliz do modo que eu nunca consegui ser e talvez nunca serei. Isso há tempos atrás. 

Tem muita coisa passando pela minha cabeça agora, muitas lembranças tristes e dolorosas. Não consigo mais escrever. Melhor não, se não meu dia será terrível. 



Se tudo for mesmo verdade, tomara que ela esteja muito bem e nunca mais sinta dor. Paz eterna para você. Aqui continuará vivendo nas lembranças de quem a ama.